Cada dia a natureza produz o suficiente para a nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.

Mahatma Gandhi

domingo, 28 de março de 2010

Dicas de Projetos

Projeto: Transformando o lixo
Objetivos:
· Possibilitar o entendimento dos diferentes tempos e processos do início da decomposição dos materiais orgânicos em comparação com os inorgânicos recicláveis (vidros, plásticos, metais, papéis) e entre esses inorgânicos.
· Proporcionar uma reflexão sobre a importância do gerenciamento integrado do lixo urbano para a diminuição do volume de resíduos nos aterros sanitários e para o controle da poluição ambiental.
Áreas envolvidas: Geografia, Ciências, Língua Portuguesa, Arte e Matemática.

Projeto: Vivo do lixo
Objetivos:
· Sensibilizar alunos de médias e grandes cidades brasileiras a respeito da situação de inúmeros trabalhadores que vivem coletando, catando ou mesmo consumindo lixo. Por meio dessa sensibilização, pretende-se propor uma reflexão sobre questões cruciais ligadas á melhoria das condições de vida de toda a população: esta situação já melhoraria se separássemos nosso resíduos, se evitássemos o desperdício de alimentos por meio de manipulação e embalagens adequadas e se, noutra esfera de ação cobrássemos, ao Poder público, a implementação de uma política de Gerenciamento Integrado do Lixo Urbano (a curto e médio prazos) e de redistribuição de renda (a médio e longo prazos).
Áreas envolvidas: Geografia, História, Ciências, Matemática, Língua Portuguesa, Arte e Teatro.

Projeto: Cuidando da água
Objetivos:
· Leitura e interpretação de uma conta de água.
· Realizar coletas de dados relativos ao consumo de água.
· Organizar e interpretar dados coletados.
Áreas envolvidas: Matemática e Língua Portuguesa.

Projeto: Embalagens X lixo X reciclagem: uma convivência possível
Objetivos:
· Classificar as embalagens segundo as formas.
· Explorar sistema de medias: massa, capacidade, volume e área.
· Organizar dados em tabelas e gráficos.
· Desenvolver o hábito de leitura das informações contidas nas embalagens.
· Desenvolver a importância da necessidade de escolha de embalagens adequadas á conservação dos alimentos. Acondicionamento em estoques e fácil reciclagem.
Áreas envolvidas: Matemática, Língua Portuguesa, Ciências e Geografia.

Projeto: A sobrevivência do ser humano no planeta depende também das pequenas ações.
Objetivos:
· Visualizar o lixo produzido na escola pelos próprios alunos.
· Criar condições para que o aluno reflita sobre a sua condição de interferir nos encaminhamentos dados á produção e destinação do lixo produzido em sua localidade por ele no espaço escolar.
· Identificar a coleta de lixo como parte do processo de gerenciamento integrado do lixo.
· Valorizar as ações coletivas que repercutam na melhoria das condições de vida na escola e em sua localidade ( segundo a orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC).
Áreas envolvidas: História e Ciências.

Projeto: O lixo da escola.
Objetivos:
· Coletar informações sobre o lixo na escola e organizá-las em tabelas e gráficos.
· Valorizar as pequenas ações que possibilitem interferir na produção de lixo e, consequentemente, na reação do homem com a natureza.
· Implantar a coleta seletiva na escola.
Áreas envolvidas: Matemática, Língua Portuguesa, Arte e Geografia.

Referêcias: Meio Ambiente, Cidadania e Educação – Projeto Cultural Ambiental nas Escolas. Realização Tetra Park

sexta-feira, 19 de março de 2010

Qual o beneficio as hidrelétricas trazem ao País?

Destinar uma parcela tão alta da energia gerada no país a um seleto setor da economia se justificaria se este trouxesse muitos benefícios diretos e indiretos, seja oferecendo ao restante do setor industrial brasileiro matéria-prima (alumínio, ferro, celulose etc.), seja oferecendo uma grande quantidade de empregos. Porém, não é isso que ocorre.

Principalmente no setor de alumínio, boa parte das empresas que se utilizam da energia gerada pelos nossos rios é multinacional. Estão instaladas aqui e em outros países considerados de terceiro mundo, como Gana, Venezuela e Egito. A razão é uma só: estas corporações perceberam que não poderiam continuar a produzir em seus países de origem produtos que demandam tanta energia e matéria-prima. Devido à pressão dos cidadãos de seus países de origem, que não aceitavam mais pagar custos socioambientais elevados para produzir bens com tão baixo valor agregado, essas empresas foram forçadas a migrar para outros países, nos quais há poucas restrições ambientais e relativa abundância de recursos naturais. No entanto, essas empresas continuaram a destinar sua produção principalmente aos países industrializados, que necessitam dessa matéria-prima para fabricar produtos com maior valor agregado.

Assim, segundo essa divisão de trabalho, países como o Brasil têm como missão oferecer recursos naturais (minério, água, biomassa) abundantes e baratos e exportar produtos pouco elaborados (alumínio, ferro, celulose) para que os países industrializados como o Japão possam fabricar produtos mais elaborados (máquinas, eletrônicos, carros, dentre outros) e vendê-los em seus mercados internos e no resto do mundo.

Por esse motivo, se analisarmos o destino do alumínio produzido no Brasil, tanto a gerada por empresas nacionais quanto multinacionais, descobriremos que mais de 71% é destinado à exportação, ou seja, para utilização industrial em outros países. E quais os ganhos do País com essa exportação? Poucos. Enquanto a indústria de alimentos e bebidas gera 56,2 empregos para cada GWh (gigawatt/hora) de energia utilizado, a de alumínio primário gera apenas 0,8 empregos com a mesma quantidade de eletricidade, e pouco mais do que isso com a venda de outras formas mais elaboradas do produto.

Dessa forma, fica claro que antes de discutir qual a melhor forma de ampliar a geração de energia, deveríamos discutir se estamos destinando a energia hoje existente para finalidades que realmente interessam ao país. Será que vale a pena expulsar tanta gente de suas terras, destruir tantos rios, acabar com tantos ecossistemas importantes, para poder exportar produtos eletrointensivos? Se direcionássemos toda a energia hoje utilizada pelas indústrias eletrointensivas para o uso doméstico, e se fossem mantidos os níveis atuais de consumo nas casas, poderíamos dobrar a população brasileira com acesso à luz, sem a necessidade de construir uma única usina de eletricidade.

Embora esse seja um raciocínio hipotético - porque não seria possível deixar de fabricar totalmente esses produtos, necessários à produção industrial interna - ele coloca uma reflexão: talvez se esteja destinando muita energia para setores que trazem poucos benefícios diretos e muitos prejuízos socioambientais indiretos.

Assim, quando agricultores, movimentos sociais e ONGs questionam a construção de uma hidrelétrica que gerará energia para a produção de alumínio, essa não é uma atitude retrógrada, como dizem os donos das empresas de alumínio. Não se está optando pela luz ou pelas trevas, como costuma aparecer na imprensa. Ao contrário. Tal atitude faz uma opção por um tipo de desenvolvimento que permitiria ao país garantir a qualidade de vida da população e a integridade de ecossistemas em vez de aumentar os lucros de um setor da economia, que pouco retorno dá ao país.

Lutar contra esse tipo produção de energia significa não compactuar com a perpetuação da situação de subdesenvolvimento do país, pela qual vendemos energia e recursos naturais e ficamos com os prejuízos socioambientais. Não é esse o país que queremos.

http://www.socioambiental.org/inst/camp/Ribeira/energia

Texto retirado do Módulo 3, Unidade 4, Atividade2 - Curso Ed. para Diversidade e Cidadania-UNESP - Bauru (EAD).

Gerar energia para quem?

Como visto, gerar energia elétrica sempre implica custos à sociedade. Mas, por outro lado, traz uma série de benefícios sociais e econômicos ao País, pois possibilita que as pessoas tenham luz em casa, que as fábricas possam funcionar, enfim, que se possa viver em sociedades modernas e industriais como estas em que hoje vivemos, com todas as comodidades nelas existentes. Seriam, portanto, custos necessários. Mas será que sempre? Já nos acostumamos a ouvir o discurso de que, para se manter o crescimento das atividades industriais e oferecer luz para todos os cidadãos, é necessário estar constantemente construindo novas usinas de geração de energia elétrica. Se novas fábricas estão sendo constantemente construídas, e a população está em crescimento constante, parece inexorável que o governo esteja preocupado com a construção de novas usinas, principalmente hidrelétricas, a principal "fonte" de eletricidade.

Sob essa ótica, a destruição de rios, de ecossistemas terrestres e lacustres e a inundação de sítios, bairros e por vezes cidades inteiras, seriam o "preço do progresso", e qualquer um que se oponha a construção de uma hidrelétrica é automaticamente taxado de "homem da caverna", por supostamente defender que a sociedade fique sem energia para se desenvolver. Porém, o que ninguém diz é que no Brasil, assim como a renda, a energia também é muito mal distribuída entre a população, gerando distorções que são desconhecidas da imensa maioria do povo brasileiro.

Se perguntarmos a alguém na rua para que serve a energia elétrica, há 90% de chances da resposta espontânea estar ligada à iluminação e ao funcionamento de aparelhos eletrodomésticos. Pouca gente sabe, no entanto, que em 2004 o consumo residencial de energia correspondeu a menos de 1/3 de toda a demanda por energia no País. Já o setor industrial, que precisa de energia para movimentar suas máquinas e como insumo no processo produtivo, consumiu praticamente metade de toda a energia gerada. Percebe-se, portanto, que há um grande desbalanço no destino da energia no Brasil.

Se olharmos para dentro do setor que mais consome energia, perceberemos que a distorção é ainda maior, pois de tudo que é destinado às indústrias, boa parte vai para determinado nicho de atividades empresariais, classificado pelo seu alto consumo de energia como eletrointensivo. Este, que é formado por indústrias de alumínio, ferro-gusa, cimento, celulose, entre outros, é responsável por 27% do consumo final de energia elétrica no Brasil, algo em torno de 85 mil MWh, de acordo com estimativas do prof. Célio Bermann, da Universidade de São Paulo, na publicação Exportando nossa natureza: produtos intensivos em energia, implicações sociais e ambientais (Rio de Janeiro, FASE, 2004). Isso significa que quase o mesmo tanto de energia que é destinado à iluminação de casas em todo país, para os cerca de 170 milhões de brasileiros, é gasto por um pequeno grupo de indústrias.


http://www.socioambiental.org/inst/camp/Ribeira/energia

Texto retirado do Módulo 3, Unidade 4, Atividade2 - Curso Ed. para Diversidade e Cidadania-UNESP-Bauru (EAD)

Energia elétrica: nem tão limpa, nem tão barata

Porém, diferentemente do apregoado, a produção de energia hidrelétrica não é tão "limpa" e nem tão "barata". Os custos ambientais e sociais decorrentes da implantação de uma grande hidrelétrica são bastante altos, embora tradicionalmente não sejam contabilizados nos "custos" da geração de energia, pois não são pagos pelo proprietário da usina, e, sim, por toda a sociedade. Entre os principais custos socioambientais envolvidos na implantação de hidrelétricas destacam-se:

:: Deslocamento forçado de centenas ou milhares de famílias em decorrência da inundação de suas terras. Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), já são mais de 200.000 famílias deslocadas no Brasil em função da construção de barragens, a grande maioria formada por agricultores com pouca instrução escolar, que tiveram de ir para as cidades ou aceitar terras bem menos apropriadas para a agricultura, o que trouxe graves consequências sociais;

:: Inutilização das melhores áreas para a agricultura de uma região, que geralmente se situam nas planícies inundáveis, seja porque são submersas com o enchimento do lago, seja porque a alteração da vazão do rio modifica a adubação natural feitas nas várzeas situadas abaixo da barragem;

:: Destruição de florestas, lagoas marginais e outros ecossistemas únicos com a formação do lago, o que, além de ser uma perda em si, traz graves consequências para a fauna;

:: Alteração drástica do regime hídrico dos rios, que deixam de ser corpos de água corrente para se transformarem em grandes lagos de água parada. Isso traz consequências diversas, sendo que as mais importantes são a extinção de muitas espécies nativas de peixes - que não se acostumam a viver na nova condição, ou são impedidos de subir o rio para desovar - e a alteração da qualidade da água, que por vezes pode se tornar imprópria para consumo animal ou humano;

:: Dependendo de cada caso, outras formas de utilização do rio - turismo, esportes radicais, pesca, navegação - acabam se tornando inviáveis, alterando a vida de muita gente e levando o rio a cumprir praticamente uma função única: a geração de energia.

Portanto, produzir energia elétrica, seja qual for a fonte, sempre traz custos associados. Cada forma de produção de energia acarreta um problema diferente - poluição atmosférica, hídrica, risco de acidente atômico, inundação de grandes áreas - e até hoje não se encontrou uma forma de produção em larga escala que seja 100% limpa. Mas o que deve estar claro é que há custos - e altos - na implantação de hidrelétricas, principalmente para os rios, que passam a se transformar em sequências de lagos, com drásticas alterações em todas as cadeias ecológicas dependentes de suas características naturais. Podemos citar inúmeros exemplos de onde isso ocorreu ou vem ocorrendo: rio Tietê, Paraná, Tocantins, Paranapanema, entre outros.


http://www.socioambiental.org/inst/camp/Ribeira/energia

Texto retirado do Módulo 3, Unidade 4, Atividade2 - Curso Ed. para Diversidade e Cidadania-UNESP-Bauru (EAD).

O uso de um bem coletivo para fins privados

As hidrelétricas são responsáveis por cerca de 90% do total da eletricidade gerada no país, o que sempre foi considerado positivo, por se tratar de uma fonte renovável e supostamente "limpa", na medida em que não emite gases poluentes como as termelétricas a carvão ou gás, e não gera resíduos perigosos como as usinas nucleares.

Sendo o Brasil um país privilegiado em recursos hídricos, criou-se um certo consenso de que se deveria optar pela hidreletricidade em detrimento das outras formas de geração de energia. Esta sempre foi considerada mais limpa e barata do que as demais, o que traria ganhos comparativos em relação aos outros países. Por essa razão, a partir da década de 1970, quase todos os grandes e médios rios do centro-sul do país (Tietê, Paraná, São Francisco, Tocantins, Grande, Doce, Paraíba, entre outros) ganharam barragens para a produção de energia, dentro da idéia de aproveitar ao máximo o "enorme" potencial hidrelétrico brasileiro.


http://www.socioambiental.org/inst/camp/Ribeira/energia

Texto retirado do Módulo 3, Unidade 4, Atividade2 - Curso Ed. para Diversidade e Cidadania-UNESP-Bauru (EAD).